10 julho 2006

Balancé

Em geito de balanço destes 3 meses que estão agora a passar, fica aqui um excerto de um e-mail que enviei ontem ao Frederico e outro de uma conversa com a Anocas ontem ou ante-ontem.

Relativamente à integração na nova sociedade, cultura, hábitos, etc., nada de especial julgo haver a registar. Passei pela normal dificuldade em encontrar alojamento, a necessidade de comprar carro, as aventuras pelas burocracias de bancos e repartições públicas, a inevitável adaptação ao estilo de vida local. Mas após assegurar o essencial já o foco da atenção se vira para o meio envolvente – o espaço físico, visual, social, cultural – e a largura de campo aumenta!


João ficar-li: Viver entre estes tipos é que é estranho. Ou melhor, sente-se que são mesmo diferentes, que pensam de maneira diferente.
Acho que é simplesmente uma questão de perspectiva. Nós vemos um planisfério com a Europa no meio (na verdade é o Atlântico), mas não é só a Europa que está no centro das atenções … Porque somos todos países pequeninos, embora no todo sejamos Europa, não estamos tão centrados em nós próprios.
Para estes de cá, o centro são eles. São um país tão grande que, embora com estados diferentes, são praticamente um continente! Têm cá tudo, não pensam sequer no que há para além deles. E se pensam, o que têm? A Norte o Canadá, que será muito parecido, e a Sul o México, que se aproxima de um oposto!
Portanto não conseguem propriamente fazer grandes comparações...
Outro exemplo: eles passam a vida, desde pequeninos, a ouvir falar do World Boxing Championship, Super Ball, World Series no Basebol, NBA é World Best, etc. Ou seja, tudo o que se passa nos states é world-qualquer-coisa
Anettes: Podes crer!!!!
J: Portanto desde pequenos que acham que os states são o mundo, e tudo o que se passa fora é terceiro mundo. Até porque tudo o resto está tão longe que é difícil mesmo saber como é!
Em termos de informação, por exemplo, os jornais e telejornais deixam muito a desejar a um europeu, habituado às suas notícias nacionais, desporto e internacionais. Cá, devido, na minha opinião, à existência de meios de comunicação locais, o pessoal tem as noticias da cidade, do estado, algumas da nação (menos do que nós temos como internacionais) e muito, muito poucas internacionais... e estas sempre com uma perspectiva norte-americana, ou seja, só aparecem notícias de alguma forma relacionadas com os EUA e a notícia é essa relação!
A: Mas são absolutamente egocêntricos?
J: Tudo isto se reflecte no seu individualismo, ou é reflexo dele. Egocentrismo parece-me muito forte... São principalmente individualistas! Em tudo.
Por exemplo, a conduzir: conduzem como se fossem os únicos na estrada! Verem que queres mudar de faixa ou não é igual - não fazem um esforço para facilitar. Outra coisa é serem muito reivindicativos, mas assim que a sua necessidade individual está satisfeita voltam para a sua vida e deixam os demais a protestar.
E gostam de viver num mundo perfeito. A relvinha sempre aparada e sempre verde, as flores sempre a desabrochar, as ruas impecáveis, a família tem de ser uma família perfeita, sem problemas... vivem muito na fachada...
A: A sério? Com isso não contava. Superficiais, ainda mais que os tugas?
J: Não acho o tuga muito superficial. Para o tuga é extremamente importante o que os outros pensam dele, ao contrário destes, mas isso não o faz assim tão superficial
Ou seja, se um tuga não gosta do vizinho, não fala com ele (e se for preciso faz com que toda a gente saiba porquê) mas cá continuar-se-iam a falar como se nada fosse porque são vizinhos e, por isso, têm de se dar bem, ir aos barbecues uns dos outros, etc.
A: Ah… Estou a ver…
J: Mas isto é a impressão que tenho dos poucos que conheço. Porque não é fácil conhecer americanos já que todos têm a sua origem algures no mundo...
E claro que também tens os americanos fixes! Conheci já uns tipo novos, que estão a estudar, a fazer mestrado, que já estiveram ou querem visitar a Europa, que têm uma visão diferente, mais aberta…
Mas é mesmo uma coisa cultural, que não será com uma ou duas gerações que passa!
Outra coisa que é necessário ter em conta é que te estou a falar do que conheço, que é apenas o Sul da Califórnia! Quer-me parecer que este país são muitos juntos, e que caracterizá-lo leva a vários perfis.
San Francisco talvez seja parecido com isto, mas julgo que a outra costa deve ser bastante diferente, para além de teres diferenças no sentido Norte-Sul. E o interior será sempre esquecido e ostracisado: mesmo o típico californiano não se sente bem a entrar numa cidadezita do interior - será considerado com estrangeiro tal como se fosse um emigrante de um qualquer outro país que só traz problemas!
A: Mas tens viajado bastante?
J: Sim, bastante! Principalmente porque o sítio onde estou não tem nada para fazer e então tornar-se-ia deprimente passar cá os fins-de-semana!
Já fui a San Francisco (brutal!), San Diego (várias vezes porque é pertinho, também muito fixe!), Las Vegas, Grand Canyon (brutal tammbém!), L.A. (várias vezes), e outros sítios por aí, como desertos, montanhas, regiões vinícolas provar vinho...
E muita praia, sem dúvida! Finalmente tenho um Verão cheio de Sol, para compensar o ano passado!

1 Comments:

At 11 julho, 2006 02:16, Blogger C. said...

Aaaaah muito bem! Tiraste-me as dúvidas todas que eu tinha... bem, todas tv não! mas fica para uma melhor ocasião :)

Já n falamos há uns tempos, os dias estão a entrar naquela velocidade super-cruzeiro de 'fim' de estágio... e pensar que ainda pode piorar :S :)

tenho saudades tuas! ziliões. Mas estás sempre aqui! e 'aqui' (aponto p o meu cuxarão :))

 

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